Uma tarde fria de sexta-feira, onde o céu parecia se fechar e a brisa avançava com maior velocidade e firmeza. As flores caíam, e as folhas das árvores dançavam ao vento.
Com uma xícara de chá e os olhos fixos no caminho de terra que via pela janela, ela se perguntava até quando minha alma não refletirá a alegria e o prazer de viver.
Aquele caminho lhe parecia tentador e, ao mesmo tempo, amedrontador. Seus olhos procuravam alcançar além do caminho, e sua alma precisava encontrar a luz.
Nessa mistura de ilusão e realidade, ela tomou uma decisão. Para seguir nesse caminho que era da sua alma, precisava se livrar de todos os objetos, sapatos, roupas, souvenires e recordações que ainda guardava em seu coração e que a prendiam no passado.
Tomada por uma força incrível e certa de que esse seria o seu caminho, deu início à jornada de limpeza física, emocional, psicológica e material. Começou a se desconectar de tudo o que a aprisionava. Ela guardava nas roupas histórias de aproximadamente 30 anos, nos sapatos histórias de lugares que fora forçada a conhecer e que nunca desejou ir, e nos souvenires guardava lembranças que a machucavam. Nas telas a óleo, guardava esperanças de um novo futuro, mas essas deveriam ser preservadas independentemente do caminho.
A sua volta, um contexto desconexo, sem sal ou açúcar. Foi nessa tarde, tomada por uma consciência superior, que ela decidiu ser livre e finalizar a jornada que havia começado anos atrás. Ela se desfez de cada objeto, livro, souvenir, roupa e sapato que já não representavam a sua personalidade.
Ela entendeu que era hora de crescer e deixar para trás “as bonecas”. Agora, o caminho era árduo e feroz. O lugar para onde desejava ir não comportava mais as manias de menina ou a carência da infância.
Então, em um supremo ato de consciência, decidiu levar somente as experiências e o que lhe trouxe felicidade. Em um profundo ato de amor por si mesma, rasgou o véu que a prendia a um mundo de ilusões. Nessa dimensão, entendeu que veio para este mundo e voltará deste modo.
Ela decidiu que só levaria consigo as lembranças das viagens e os prazeres da vida que conquistou: a expansão, a bondade e a benevolência. Sim, ela se despedia do passado como o sol se despede da lua. Talvez só em um eclipse ela se lembrasse desse passado já resignificado.
Ela transmutou tudo, absolutamente tudo. Dos pensamentos aos sentimentos mais íntimos e subjetivos, das manias aos objetos e souvenires.
Há algo que preciso dizer: não espere nada dela, nada similar ao que ela já viveu em sua vida. As folhas das árvores dançando ao vento a ensinaram a ser livre, e em sua mente expandida, ela quebrou as correntes do seu inconsciente.
Se fizesse uma analogia com os objetos de uma casa, diria que ela deu vida aos quadros e aos livros, e os deixou partir. Deu liberdade a tudo o que a prendia, tornando-se verdadeiramente livre. Aceitou seu passado e, sem medo, deixou para trás as marcas de suas roupas desgastadas e os sapatos, pois não levará a poeira daquele lugar.
Ela libertou suas crenças e emoções, resignificou literalmente as lembranças mais dolorosas e transmutou os objetos, fazendo com que se modificassem. Ela recolheu os fragmentos de sua imagem que estavam no espelho, que já não lhe cabiam, e a refletiu novamente.
Fez como a águia: neste momento, está no monte passando por um processo de renovação. Escondida em si mesma, fortalecendo-se e blindando-se para ressurgir mais forte, bela e amável.
Se eu quantificasse tudo o que ela transmutou e resignificou, diria que tirou o medo, o desconforto, a pressa, a angústia, a culpa, o julgamento e a arrogância.
E eu poderia passar horas descrevendo o que ela fez, mas prefiro voltar a olhar para esse caminho e enfrentá-lo.
Com a xícara de chá na mão, ela toma uma respiração profunda e diz:
Às vezes, amar também é deixar partir. E para que possa me amar verdadeiramente, a coragem me acompanha e deixo partir o que não me cabe mais.
Hoje, limpei tudo, organizei e transmutei meus sentimentos mais obscuros. Meu coração está livre, leve e limpo, e tem muito espaço para a felicidade.
Durante uma jornada de trinta anos, ela não guardou mágoa, ressentimento, culpa ou julgamento. Deixou que o vento levasse tudo o que não servia mais e, em seu santuário, se refez.
E foi dançar na chuva das oportunidades que a vida lhe trouxe.
Um relato breve de uma jornalista que viveu em uma época em que as mulheres precisavam provar o seu valor.
O maior valor é a liberdade de expressão
Texto de Suzania Cristina Paulino
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