Caminhando entre as tulipas amarelas do meu jardim, dirigindo-me ao meu santuário, com os pés no chão, os cabelos soltos ao vento e um vestido rosado, eu decidi desistir de você. Assim como a lua desiste de permanecer durante o dia, foi em um momento de lucidez, quando o sol aqueceu minhas costas e o vento acariciou meu rosto, que eu percebi: havia chegado a hora de partir.
Acredite, não demorou nem 1 segundo sequer! É incrível como a decepção em relação às minhas expectativas, sua indiferença dia após dia e seu comportamento de dominação, poder e controle sobre mim, me fizeram desistir de você.
Pouco a pouco, construímos uma fortaleza, mas cada um de nós acabou de um lado da ponte, onde o riacho da vida é turbulento e poderoso, e já não conseguimos atravessá-lo pela ponte.
Em várias ocasiões, me atirei nesse riacho para te salvar, e quase fui submergida por ele. Me machuquei, me angustiei, me torturei, saí de lá com a alma arranhada.
Sim, uma fortaleza foi erguida, que me permite ter respeito por você, mas que me afastou drasticamente da sua presença.
Você se preocupou tanto em estar certo e ter razão que conseguiu. Agora, você está absolutamente certo, inclusive em tudo.
Sua razão afastou o sentimento mais profundo da minha alma: a admiração que um dia tive por você.
Quando desisti de você, descobri que:
- Não queria mais compartilhar minhas experiências;
- Não queria ser dominada por um sentimento de incompetência que corre nas suas veias;
- Não queria incorporar os seus medos e incertezas na minha vida como verdades;
- Não queria seguir o mesmo caminho que você trilhou;
- Não queria me submeter a uma falsa humildade e bondade que percebia em você;
- Não queria ser escrava dos meus próprios pensamentos;
- Não queria temer expressar os meus desejos;
- Não queria seguir uma sociedade hipócrita e ser infeliz só para ser aceita;
- Não queria me responsabilizar pelas suas escolhas;
- Não queria fazer distinções entre pessoas baseadas em preconceitos;
- Não queria ceder à ilusão das impossibilidades;
- Não queria me fazer de vítima;
- Não queria evitar novos caminhos por medo de abandonar trilhas que não têm mais sentido;
- Não queria mais ter que justificar, dia após dia, as minhas escolhas, porque você nunca entenderia e eu também não estou mais disposta a explicar.
Definitivamente, hoje desisti de você por amor a mim mesma! Ao me afastar de você, me encontro. Sou grata por todo aprendizado que compartilhamos, mas agora escolho partir sem levar você comigo. Guardo nas lembranças as raras ocasiões em que, ao seu lado, pude me sentir verdadeiramente eu mesma e completa.
Por gratidão e amor a você, hoje desisto de você e sigo o meu próprio caminho! Vou encontrar o elo que existe entre a minha consciência e a realidade.
Vou me virar para encarar o sol de frente, e a partir de agora, as suas palavras em relação a mim serão como as de um filme mudo, em preto e branco.
Não vou te abandonar, pois mantenho grande respeito por você e pelo que você se tornou. Apenas reorganizei a nossa posição no mapa da vida, pois preciso me encontrar.
Muitos podem se perguntar a quem esta carta se dirige. Em um ato de profundo amor, essa carta foi escrita para a própria autora, que se desconecta do passado e desiste de todas as procrastinações e sabotagens do seu inconsciente.
E agora permite que a sua essência viva de forma livre.
A grandeza de um autor não se mede pelas belas palavras que ele expressa, mas sim pelo impacto que causa na alma.
Texto: Suzania Cristina Paulino
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Parabéns pelo texto.
Isso faz tanto sentido. É muito difícil as vezes entender como chegamos a onde chegamos e desembaraçar o quebra cabeça é ponto de partida. Sou Grata.